As linhas que se seguem foram escritas em uma madrugada de frustração, eu pensei bastante antes de publicá-las aqui, mas creio que seja essencial mostrar este outro lado da viagem e, em larga medida, de meu ser.
01/11/2009: A raiva
Estou com raiva. Estou realmente com muita raiva. Como é ruim estar longe de casa e não conseguir estabelecer nenhum contato com seus familiares! Eu sempre achei que sou pedra sem limo, não sou! Eu estou com muita saudade de casa e das pessoas que ficaram e eu não consigo falar com eles. Todos os outros conseguiram falar com seus familiares, mas eu não! Não funcionou pelo telefone, nem pela internet. O que mais me irrita é o fato de que estou muito longe de casa, cansada do trabalho que é puxado e reúno paciência para poder ficar na frente de um computador por meia hora esperando carregar um único e-mail e as pessoas que estão lá com uma internet bem mais rápida não se prestam a responder a droga dos e-mails que eu mando. Entenderam? Internert proto lentium 00.00 e eu já mandei e-mails e as pessoas nem sequer respondem um único!
Tenho que trabalhar internamente a questão do desencontro, porque se eu deixar que isso tire o meu ânimo o trabalho vai ficar bem difícil e eu não quero mesmo que meu sonho se transforme em pesadelo.
Mais que compreender os desencontros, tenho que praticar (é questão de necessidade) o desapego, afinal esses sentimentos todos me abatem porque tenho necessidade de manter o controle de tudo e de todos, gosto de estar informada de tudo o que está acontecendo e na atual situação isso não é possível, afinal eu não tenho como controlar as pessoas daqui de onde estou, eu tenho que confiar na capacidade delas de viverem sem mim e acho que isso será bom para todo mundo. Será que tenho medo de me tornar desnecessária? Inútil? Acho que gosto de provar sempre meu valor, o que não pode ser praticado neste contexto de incomunicabilidade. Gosto de saber que as pessoas precisam de mim, porque acho que se elas não precisarem de mim irão me abandonar ou me trair.
A insegurança tem rondado os meus pensamentos, embora eu tenha consciência do quão absurdo são. Será que eu preciso ocupar o pouco tempo que tenho livre pensando em coisas ruins? Na verdade é um mecanismo idiota de defesa da minha mente para burlar a saudade que tenho tentado disfarçar a qualquer custo. Penso na volta o tempo todo. Preciso pensar no presente, em fazer um bom trabalho, um bom relatório, terminar meu artigo, me concentrar no presente, a volta acontecerá no momento certo e real, não na minha mente "criativa".
Aconteceram coisas tão legais, vi coisas e vivi momentos inesquecíveis, que espero não se apaguem da minha mente.
Pensamento do dia: o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã. Não sei quem é o autor dessa frase, mas neste momento é o queme alenta.
3 comentários:
Amada, essas coisas acontecem. Eu muitas vezes penso que estou esquecida, pois nenhum amigo entra em contato e boa parte da família quase nunca fala comigo. Nem meu pai faz questão mais de entrar no msn todo dia. Entra de 3 em 3 e olhe lá. Mas é assim, as pessoas têm sua rotina e como não sentem-se sozinhas, não percebem o quanto a gente pode estar sentindo-se só do outro lado. O jeito é construir coisas que te alegrem e façam bem por aí e lembrar que é impossível que te esqueçam. Você tem uma história com essas pessoas e elas até vivem sem você, mas morrem de saudade sim. Mesmo que não contem todo dia. Beijos e boas aventuras!
Gis querida, obrigada pelas palavras de apoio.Eu sei que às vezes a falta de contato deve-se à rotina atribulada de todos, pois embora estejamos vivendo outros momentos a vida deles segue normalmente, inclusive os problemas. Mas, em certos momentos a angústia e a saudade tomam conta, daí me esforço pra empurrar elas de volta pra bem longe. Nas últimas viagens tenho conseguido manter maior contato com eles e mantido mais a calma rsrs.A não ser quando tento ligar umas dez vezes para a minha mãe e ela não atende...
BJOKS
hehe Sei bem como é. Outro dia xinguei a família inteira por ter me abandonado. hehehe Bjinho.
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