sábado, 28 de março de 2015

O Apanhador de sonhos

Eu queria tatuar um apanhador de sonhos há uns bons 10 anos. Proteção contra pesadelos, essas coisas. Ano passado eu finalmente fiz a tatoo. Foi logo depois de um período em que eu tinha pesadelos recorrentes envolvendo meu orientador decepcionado porque eu tinha perdido o deadline pra um essay.
Depois da tatuagem eu parei de ter esses pesadelos. Mais ou menos quando o orientador parou de me pedir essays quinzenais. Sabe quando você acorda de um sonho ruim com uma sensação aterrorizante mesmo sem lembrar de nada? Eu tive um desses, mesmo com o apanhador de sonhos tatuado na costela.

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Em compensação, o elemento novo nas nossas vidas é o sleep-talking. Duvido que evolua para sleep-walking porque em todos os estados de consciência eu não gosto de frio. Voltando ao sleep-talking.
Alexandre acorda no meio da noite. Estou sentada na cama explicando a diferença entre angiospermas e gminospermas. Do meu jeitinho:

- Você sabia que as angiospermas dependem de elementos externos pra se reproduzir? Por exemplo pássaros, eles comem o fruto e depois excretam (eu não usei exatamente esse termo) as sementes.
Alexandre: que?
- As gminospermas soltam polen.
Eu nem sabia conscientemente explicar tão 'bem' a diferença entre essas plantas. O que foi resolvido por motivos de doutorado em arqueobotânica.

Outra noite ele acordou e eu estava sentada na cama olhando pra ele com cara de demente...duas semanas depois eu briguei com ele porque estava rindo de mim (ele não estava).
Em todos esses episódios eu estava dormindo. Lembro de nada. Sei que é verdade porque uns dez anos atrás quando eu morava com minha avó, volta e meia ela me encontrava batendo altos papos com a cortina da sala na madrugada boladona.


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Com isso aprendemos que:
os apanhadores de sonhos não são 100% eficientes. Em outras palavras, eles protegem de pesadelos não de maluquices Daianices prévias.